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Vitória até…


Nos dias que correm, já nada nos parece estranho, tudo foi tão vulgarizado que acabou por se tornar normal, rotineiro. É uma característica estranha, esta a do Ser Humano. Pode ser horrível, pode ser consternante, pode ser monstruosa, mas depois de a vermos uma dúzia de vezes não é mais nem menos do que qualquer outra banalidade. Assim parecem andar as gentes vitorianas. Nem todas, é certo, mas uma grande parte.

A derrota é agora, algo que infelizmente nos acompanha com demasiada regularidade.

Mas nem todos estão anestesiados com este fármaco duvidoso, que aquando de tão perverso acontecimento (a derrota), nos alivia a alma insultando tudo e todos.

Apercebi-me disso este fim-de-semana.

Sendo o jogo no Estoril e não podendo eu deslocar-me com a restante família vitoriana a essa terra de ninguém, decidi então, depois de dura reflexão, ver o jogo numa pastelaria presente no sempre mui digníssimo Toural.

Uma torrada e um qualquer sumo e eis que começava o jogo. Não vou relatar o que se dizia durante a partida por uma questão de simplicidade, toda a gente o sabe, porque toda a gente o disse também, incluindo eu, por vezes.

O jogo decorria, e não haviam bolos nas prateleiras, por mais saborosos que fossem, que cativassem a atenção de tão fiel público. Tudo colado ao plasma, na esperança de um vislumbre de bom futebol, mas maldita a esperança, que nos toldava a visão, e nos dizia que ainda havíamos de assistir a uma jogada decente até ao fim do jogo. Puro engano.

Ao meu lado, reparei que um senhor de já alguma idade, assistia ao jogo, mas numa postura totalmente diferente do restante aglomerado. Calado, calmo..sereno, mas com uma melancolia contagiante.

O jogo acaba, todos se levantam, uns barafustando contra este ou aquele jogador, outros ainda estupefactos com mais este empate e o tal senhor ainda sentado no seu lugar.

Levanto-me, visto o casaco num movimento doloroso (parece-me que tudo foi doloroso nesse dia) e encarando o homem, faço uma cara de impotência como quem diz: “o que é que podemos fazer?”, quando na sua cara, reparo numa lágrima tímida, mas que acabou mesmo por se mostrar.

Derrotado, com aqueles olhos cansados, de quem já viu meio mundo, dirige-se na minha direcção e numa voz que ainda me arrepia, deixa sair aquele suspiro retido durante todo o jogo:

“- Jovem..O que é que estão a fazer ao nosso clube..”

As lágrimas invadiram-lhe a cara, e num momento de desespero, pôs-me a mão no ombro e abalou…Olhei num último segundo, quando o pobre homem ia já a sair do estabelecimento, e li-lhe nos lábios, como que sussurrando para ele:

“- Até morrer…Até morrer..”.

Acordemos então.

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Publicado por mike shinoda @ 11/25/2006 12:50:00 da manhã,

0 Vitorianos disseram que...

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